


Darcio Pasotto
Natural de São Paulo-Capital, nascido no ano de 1952. Residente em Peruíbe há 23 anos. Jornalista, escritor e há 10 anos, editor da revista "Toy-Mel & Cia -Histórias que os animais contam". Publicou os livros "É primavera no Jardim de minha casa" e "Toy & Mel, O Livro".
Escritor e Editor da revista "Toy-Mel & Cia - Histórias que os animais contam".
Tem por objetivo a divulgação de seus trabalhos, bem como, de outros escritores para propagação da cultura.
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As Ratoeiras de nossas Vidas!
O rato (Munícipe) estava preocupado porque o dono da fazenda (Prefeito) havia espalhado várias ratoeiras pela cidade para eliminar todos os ratos.
Precavido, pois sabia que as ratoeiras poderiam atingir outros animais, o rato procurou a Secretária da Saúde, já que a cidade não tinha estrutura para atendimento médico básico. Depois, foi falar diretamente com o Prefeito, mas ambos, de forma cínica, garantiram que a cidade era a quinta maravilha e estava completamente preparada para qualquer emergência médica.
Diante da indiferença, o rato começou a alertar os outros animais (servidores públicos):
- Cuidado com a ratoeira!
A galinha (Ouvidoria), ao ouvir os avisos, pediu silêncio:
- Preciso botar meus ovos! Esse assunto não me interessa!
O rato insistiu e foi avisar o porco (Defesa Social), que se incomodou por ter seu sono interrompido, mas tentou confortá-lo:
- Vou colocar você em minhas orações!
Já quase sem esperança, o rato buscou ajuda com a vaca (Departamento de Trânsito), que respondeu com desdém:
- Você já viu alguma vaca morrer em uma ratoeira?
Sem alternativa, o rato (Reclamante) voltou para sua toca (casa) e passou a noite em vigília, com medo de ser pego.
Na madrugada, ouviu-se um estalo: a ratoeira havia capturado algo. A mulher do prefeito (Cúmplice), acreditando que fosse o rato, foi verificar. No escuro, não percebeu que a ratoeira, na verdade, havia prendido uma serpente venenosa (A Mentira), e ao se aproximar, foi mordida.
O fazendeiro (Prefeito), ao ouvir os gritos da esposa, a levou imediatamente ao hospital. No entanto, a cidade não tinha antídoto para veneno de cobra (Mentira), nem ambulância UTI para transportá-la. Desesperado, precisou levá-la a um hospital particular na cidade vizinha. Lá, o médico aplicou o antídoto e recomendou que ela tomasse uma boa canja.
Para preparar a sopa, o Prefeito matou a galinha (Ouvidoria).
Os vizinhos vieram visitar a mulher, e, como forma de agradecimento, o Prefeito sacrificou o porco (Defesa Social) para alimentar os presentes.
Por fim, a mulher (Cúmplice) se recuperou, mas os custos do hospital foram altos. Sem dinheiro, o fazendeiro (Prefeito) vendeu a vaca (Departamento de Trânsito) para um abatedouro e usou o valor para pagar as despesas.
O rato (Munícipe), observando tudo, apenas pensou:
- Bem que eu avisei...
Será que não teria sido melhor se cada departamento do serviço público tivesse cumprido seu dever?
Essa história nos mostra que, em uma sociedade, não existem problemas individuais: todos os problemas são coletivos, incluindo os animais abandonados de nossa cidade. Somos interdependentes, e o que afeta um, afeta a todos - mesmo aqueles que dizem:
- Não vi, não escutei, não me interessa! O problema é do vizinho, não meu!
Adaptação do texto original de Esopo, por Darcio Pasotto.
Nós choramos juntos, de alegria e de tristeza
Somos todos animais, gatos e cachorros em gaiolas. Transitamos de feira em feira à procura de um lar, um tutor, ou um coração disposto a nos adotar.
Fomos abandonados ao relento por pessoas que perderam o amor e a empatia, sendo enxotados de forma desumana. Alguns abriram o portão de casa, outros a porta do carro, outros nos deixaram para trás nas enchentes ou queimadas. Fecharam a porta de seus corações. Fomos descartados porque ficamos velhos, doentes ou “fora de moda”. Para alguns, a casa ficou pequena; outros tiraram férias e não podiam nos levar. Enfim, faltou caráter e moral nessas pessoas.
Fomos deixados para trás, sem levar nada! Nem nossa bolinha, nem o cobertor, nem a casinha, a coleira ou o crachá de identificação. Perdemos nossa identidade. Não carregamos nada na bagagem, apenas a saudade dos nossos tutores.
Na rua, nos tornamos doentes, pele e osso! Ficamos tão fracos que mal conseguimos carregar nossos corações.
Os verdadeiros cuidadores, heróis e heroínas, às vezes nos acolhem, já que não podem adotar todos os animais abandonados. Eles nos levam para feiras de adoção, onde ouvimos coisas como: “Ele já é velho”, “Seu pelo não é sedoso”, “Seus dentes não são brancos”, “Seu porte físico não me interessa”. Nós ficamos tristes, choramos e engolimos as lágrimas. Não as deixamos cair, mas choramos!
Mais um dia de frustrações. Voltamos para casa nas gaiolas. Nos reunimos com nossos cuidadores que, para compensar, nos abraçam e pedem desculpas por não conseguirem nossas adoções. Assim, nossos corações se consolam. Abraçados, choramos juntos. Parece uma orquestra de corações machucados pelo desamor e, em forma de desabafo, deixamos nossas lágrimas amargas transbordarem.
Novo dia. Os cuidadores otimistas nos dizem: “Hoje haverá mais uma feira de adoção. Vou prepará-los para que fiquem bem bonitos e cheirosos”. E nós, ingênuos e esperançosos, formamos uma fila e entramos nas gaiolas para mais uma maratona.
Neste exato momento, milhares de animais estão em gaiolas, baias e abrigos. Outros milhares vagam com fome, frio e sede, doentes e apodrecendo física e emocionalmente. Arrastam-se famintos pelas cidades, até serem eliminados: atropelados, envenenados, agredidos, mutilados ou mortos por eutanásia. Será que essa situação não toca a mente e o coração das pessoas?
Por favor, nos ajudem a ser adotados e a amenizar nosso sofrimento. Não somos coisas. Temos sentimentos iguais aos humanos, apenas não falamos sua língua. Nosso dialeto chama-se “Amor”.
Precisamos de pessoas com o coração sensível, que nos enxerguem como vidas que necessitam de ajuda. Somos mendigos abandonados à própria sorte. Fazemos parte de um exército de elefantes invisíveis da sociedade.
Esse cenário se repete diariamente. No Brasil, não há controle de natalidade. Milhares de bichos são abandonados, contraindo e transmitindo diversas doenças. As autoridades incompetentes não enxergam nada além do próprio nariz. Nós, os animais, queremos apenas transmitir amor. Por favor, nos deem uma chance!
No Brasil, somos 30 milhões de animais abandonados.
Vocês têm noção de que um animal abandonado sem castração (gata ou cadela) procria a cada cio? Na primeira cria, nascem cinco filhotes; na segunda, mais cinco, e assim sucessivamente. Após um ano, teremos milhares de crias que serão abandonadas. Por isso, devemos castrar machos e fêmeas, evitando doenças e ninhadas indesejadas. Isso é uma questão de responsabilidade de todos.
“A OMISSÃO É O MAIOR CRIME QUE COMETEMOS.”
“Há pessoas que vivem para a causa animal e outras que vivem da causa animal.”
Muitos usam os animais para autopromoção, buscando benefícios em órgãos públicos, enquanto os animais continuam morrendo. A ferida não pode ser curada!
E assim segue a vida... Os animais choram, abandonados à própria sorte, em abrigos ou junto a cuidadores independentes.
Como vocês podem nos ajudar? Olhem bem dentro de nossos olhos!
Vejam nossas fotos! Pena que não dá para ver nossos corações, pois estão cheios de amor para dar! Por favor, nos adotem e lhes daremos amor com juros e correção monetária.
Para solucionar esse problema, devemos agir diretamente na causa, educando as crianças desde pequenas a respeitarem todas as formas de vida, para que o abandono não aconteça. É essencial ter responsabilidade social, determinação e persistência para garantir um futuro sólido a esses seres magníficos: os animais.
O desafio é edificar uma nova mentalidade, conduzindo ações que promovam o amadurecimento no relacionamento entre as pessoas e os animais. É fundamental delimitar responsabilidades, tanto do tutor quanto dos órgãos públicos, que frequentemente fazem vistas grossas para o problema, tornando-o um “elefante invisível” da sociedade.
Vamos criar uma legião de educadores para promover a posse responsável e o controle da natalidade, evitando ninhadas indesejadas.
Provérbios 12:10 diz: “O justo cuida dos seus animais domésticos, mas até a misericórdia dos maus é cruel.”
Darcio Pasotto
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