


GILSON MÉDICI
Natural de Três Corações. Formação: Analista de Sistemas, Universidade Presbiteriana Mackenzie. Tem diversos livros publicados e participou de diversas antologias e coletâneas.
E-mail:Gilson.medici@gmail.com

TROVAS
Meu gato vem, depois se vai,
não pede nada, só carinho.
Se acaso meu mundo cai,
ele alegra o meu caminho.
No colo, o gato arquiteta.
Calmo, mas com galhardia.
No pensamento aquieta
sua doce teimosia.
Um pássaro canta afim,
no surgir da luz querida.
Seu trino, de suave fim,
faz minha alma colorida.
Que chova ou faça sol,
meu cão estará ao meu lado.
Seus olhos são meu farol,
que me guia com cuidado.
Meu cão, ao me ver chegar,
late pra dizer que me ama.
Não há muito o que falar,
seu amor puro é minha chama.
Dizem que na lua cheia,
há um coelho a sonhar.
O meu, aqui, me rodeia...
Nem pensa em me abandonar.
Com pelagem macia, alva
e orelhas a balançar,
meu coelho, sem ressalva,
cogita poder voar.
Gilson Médici
Sonhos
Meus sonhos estão em pedaços
Um desencontro de pensamentos
Um desacerto de ideais
Um desencanto de ilusões
São como os vidros em estilhaços
Que estiveram juntos há momentos
São como os movimentos parciais
Que denotam sempre os anciões
Meus sonhos estão em pedaços
Um amontoado de partes
Uma não conexão de elos
Um fio da meada separado
São como o vazio dos espaços
Ainda não ocupado pelas artes
São como os traços paralelos
Sem se encontrarem, mas ao lado
Meus sonhos estão em pedaços
Um não sei quê de carências
Um misturar de imagens
Um distorcer da realidade
São como quebra-cabeças de aço
Misturados e faltando peças
São como rios sem margens...
Cadê as luzes da cidade?
Gilson Médici



